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(EEAR - CFS 1/2024) - QUESTÃO

Divagação sobre as ilhas 
Carlos Drumnond de Andrade
   Quando me acontecer alguma pecúnia, passante de um milhão de cruzeiros, compro uma ilha; não muito longe do litoral, que o litoral faz falta; nem tão perto, também que de lá possa eu aspirar a fumaça e a graxa do porto. Minha ilha (e só de a imaginar já me considero seu habitante) ficará no justo ponto de latitude e longitude, que, pondo-me a coberto de ventos, sereias e pestes, nem me afaste demasiado dos homens nem me obrigue a praticá-los diuturnamente. Porque esta é a ciência e, direi, a arte do bem-viver; uma fuga relativa, e uma não muito estouvada confraternização. 
   De há muito sonho esta ilha, se é que não a sonhei sempre. (...)
   E por que nos seduz a ilha? As composições de sombra e luz, o esmalte das relvas, a cristalinidade dos regatos – tudo isso existe fora das ilhas, não é privilégio dela. A mesma solidão existe, com diferentes pressões, nos mais diversos locais, inclusive os de população densa, em terra firme e longa. Resta ainda o argumento da felicidade – “aqui eu não sou feliz”, declara o poeta, para enaltecer, pelo contraste, a sua pasárgada: mas será que se procura realmente nas ilhas uma ocasião de ser feliz ou modo de sê-lo? E só se alcançaria tal mercê, de índole extremamente subjetiva, no regaço de uma ilha, e não igualmente em terra comum?  
   Quando penso em comprar uma ilha, nenhuma dessas excelências me seduz mais que as outras, nem todas juntas constituem a razão de meu desejo. (...) 
   A ilha me satisfaz por ser uma porção curta de terra (falo de ilhas individuais, não me tentam aventuras marajoaras), um resumo prático, substantivo, dos estirões deste vasto mundo, sem os inconvenientes dele, e com a vantagem de ser quase ficção sem deixar de constituir uma realidade. 

Presença da Literatura Brasileira. Modernismo. 5ª. edição.
A ideia principal do 5º parágrafo é a de que a ilha 
a) agrada porque existe apenas na ficção. 
b) satisfaz por ser uma realidade repleta de aventuras. 
c) é uma representação desejada e reduzida do mundo. 
d) apresenta aspectos idênticos aos existentes em terra firme.


A ideia principal do 5º parágrafo do texto "Divagação sobre as ilhas", de Carlos Drummond de Andrade, é expressa com clareza quando o autor afirma:

"A ilha me satisfaz por ser uma porção curta de terra (...) um resumo prático, substantivo, dos estirões deste vasto mundo, sem os inconvenientes dele, e com a vantagem de ser quase ficção sem deixar de constituir uma realidade."

Essa frase resume a ideia de que a ilha representa uma versão reduzida e idealizada do mundo, com suas qualidades concentradas e sem os problemas que normalmente encontramos na "terra firme".

Alternativas analisadas:

a) agrada porque existe apenas na ficção.
- Errada. O autor afirma que a ilha é "quase ficção", mas ainda é uma realidade. O prazer está exatamente nesse equilíbrio entre o real e o imaginado.

b) satisfaz por ser uma realidade repleta de aventuras.
- Errada. Ele não está buscando aventuras (inclusive rejeita "aventuras marajoaras"), mas sim uma forma de afastamento moderado e contemplativo.

c) é uma representação desejada e reduzida do mundo.
- Correta. Essa é exatamente a ideia: a ilha é um "resumo prático, substantivo" do mundo — uma versão condensada e ideal da realidade.

d) apresenta aspectos idênticos aos existentes em terra firme.
- Errada. O autor até menciona que algumas qualidades da ilha existem fora dela, mas isso é usado como argumento para questionar essas qualidades como razões de desejo — não para afirmar que são iguais.

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